Uma estrutura familiar de convívio conflituoso pode desencadear uma série de prejuízos para a saúde mental de seus membros.
Refletindo sobre as dificuldade que muitas pessoas têm de encontrar estratégias para lidar com os impactos que estes conflitos trazem para suas vidas, selecionei dois aspectos pouco discutidos, mas de alta relevância na análise das principais fontes de estresse em conflitos familiares:
1- O desgaste de precisar recorrentemente confrontar os integrantes da família que, na maioria das vezes, não conseguem enxergar o impacto que seus comportamentos nocivos causam aos outros;
2- A frustração de simplesmente aceitar uma dinâmica familiar de comportamentos não saudáveis, se conformando com toda a dor emocional, no intuito de minimizar os danos que poderiam ser causados ao tentar reivindicar essa dor.
Para começar, destaco que o desgaste de confrontar nossos familiares, a longo prazo, pode promover um estado de cansaço tão desmotivador, de desesperança e de falta de energia para repetir mais uma vez as mesmas questões, acaba contribuindo para que muitas pessoas prefiram "recuar", simplesmente passam a aceitar o problema, e todo o mal estar associado, como algo que não tem jeito mesmo.
Acontece que adotando esta postura, o ciclo disfuncional da família se fortalece e se torna um padrão que continuará sendo replicado às gerações seguintes.
Se este é o seu caso, embora seja uma missão desafiadora, a boa notícia é que é possível quebrar este ciclo!
Existem alguns caminhos a seguir, mas uma das melhores estratégias é pararmos de dispensar nossas energias para promover a mudança dos outros e passarmos a canalizá-las em prol do nosso próprio cuidado e aprimoramento.
No livro "Gestão da emoção", Augusto Cury também aborda, a comum necessidade de mudar as pessoas que cultivamos relações mais próximas/íntimas. Ele destaca que neste contexto, o índice de frustração é alto e trás a perspectiva de buscarmos saber conviver com pessoas difíceis sem o compromisso ansioso e, também diria desgastante, de tentar transformá-las. É preciso libertarmos nossas mentes disso!
O autor conclui que: "Uma mente livre não é uma mente que se livra das pessoas que as ferem, mas sim uma mente que não gravita na órbita delas, uma mente que segue uma trajetória própria. ----- Você tem órbita própria?"
Para cuidarmos disso, um passo muito importante é desenvolvermos nossas habilidades de autorregulação emocional, pois isso nos ajudará a identificar, processar e expressar nossas emoções frente às interações em família e consequentemente contribuir para a preservação do nosso bem estar psíquico.
Eu sei que tentar promover diálogos saudáveis em família pode não ser uma das coisas mais simples a se fazer, principalmente quando parece que apenas nós estamos engajados em melhorar. Mas é natural que todos nós adotemos uma conduta rígida quando a necessidade do outro, de alguma forma, coloca em risco nossos próprios interesses.
Neste sentido, é preciso entender que nem todos estarão preparados ou dispostos para assumir uma nova conduta. Embora possa parecer uma missão solitária, não desanime! Continue por você!
Lembre-se sempre que você não tem o dever de concordar com aquilo que lhe causa sofrimento!
Assim, diante de situações em que exista disputa por poder e/ou atenção, precisamos saber dosar os interesses para favorecer o equilíbrio entre nossos próprios limites e os limites dos demais integrantes da família.
Listar o quê de fato te causa estresse na relação pode te ajudar a definir novas estratégias para se prevenir dos comportamentos-problema, bem como facilitar que você consiga identificar o que precisaria mudar para ajustar a relação de agora em diante.
Invista em respeitar e comunicar suas próprias necessidades, expressando como você se sente em determinadas situações e proponha soluções para o problema, evitando enfatizar o comportamento errado dos demais. Abrir mão da postura crítica reduz substancialmente a chance de a outra pessoa ficar na defensiva e iniciar novos conflitos, abrindo caminhos para o acolhimento e não para a acusação.
Também esteja atento à falsa sensação de que não há mais o que fazer ou com quem contar. Busque ampliar sua rede de apoio, estabelecendo novos vínculos e cultivando relacionamentos saudáveis no contexto extrafamiliar.
Dependendo da complexidade da situação que você se encontre, avalie a necessidade de buscar suporte profissional de um psicoterapeuta para ajudá-lo a identificar e intervir nos padrões disfuncionais de sua família, cuidar das feridas emocionais causadas e te guiar ao longo de todo o processo. Acredite na mudança!
Com carinho,
Psicóloga Laiza Costa
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